Planeta Carnaval

Minha próxima coluna para a Época foi escrita por encomenda (da redação). Eu falo de carnaval. Não gosto de carnaval. A coluna é assim mesmo - alguém que não se interessa por essa festa que semi-paralisa o país por dois meses. Comento sobre os samba-enredos do carnaval do Rio este ano. É um universo distante, meio bizarro para alguém como eu. Antes eu me achava meio solitário nessa estranheza. Hoje acho que faço parte da maioria.

Comentários

Rafael Fernandes disse…
Também não gosto, nunca gostei de carnaval. A melhor parte do "feriado" é esperar São Paulo ficar vazia. (ou ao menos mais habitável...)
Também sempre me senti um peixe fora d'água por não gostar do Carnaval. Legal saber que não estou sozinho.

E já repararam como as letras de sambas-enredo são todas parecidas? Dois ou três versos falando do tema da escola, e um monte de frases sem sentido.
Carnaval serve pelo feriado. Serve para arrumar a casa. No meu caso, colocar em dia os frilas "gratuitos". Ajuda também o fato de que o jornal que chega de manhã em casa tem muito menos assuntos interessantes, o que proporciona uma leitura mais rápida, e por aí vai.
Dagomir Marquezi disse…
Realmente a falta de espaço na Época não me deixou falar dessas vantagens: menos gente nas ruas, menos bobagem para ler no jornal, um prazo maior para pagar contas, etc... Sobre as letras, dei uma olhada nelas para escrever minha coluna. É uma besteirada sem fim. Mas tudo provavelmente muito bem pago, como sempre acontece com as piores coisas que o Brasil produz.
Anônimo disse…
É tão cansativo: é a mesma coisa sempre, as mesmas fantasias, os mesmo enredos absurdos, aquilo não é criatividade, é absurdo mesmo. As mesmas perguntas bestas dos jornalistas, quem já viu um desfile, viu todos. Mas dá dinheiro, neh?
Eu não gosto muito do carnaval,porém respeito o trabalho que as pessoas envolvem na festa.Não comento sobre a parte negativa que é bem evidente,mas será que parte do charme da vida não reside justamente nas coisa com as quais não concordamos?Afinal vemos as coisas como nós somos...Para quem trabalha no carnaval e tem nisso sua alegria e fidelidade pouco importa minha opinião de habitante do interior do estado,bem longe de desfiles monumentais.
Primeira vez no blog,mas sou leitora de longa data ( nem tanto assim!) de sua coluna na Época!!!!
Anônimo disse…
Acabei de ler sua coluna e concordo em gênero, número e grau. Como carioca, não me orgulho nem um pouco de assistir ao declínio de uma identidade e sua transformação em vitrine de celebridades e a venda de uma imagem que remete a prostituição, malandragem e vagabundagem. Nem comento sobre o financiamento das escolas, antes pelo jogo do bicho, agora (como indicam recentes descobertas na Mangueira)pelo tráfico. Os sambas, antes hinos, agora, se muito, são jingles disfarçados... Aproveito essa semana em que o país pára pra descansar bastante, ler muito e pegar um cinema vazio. Pior é ser visto como alienígena por ser contra essa festa que não é do povo há muito tempo.
Dagomir Marquezi disse…
Marcela: é muito bom saber que uma carioca concorda comigo. Eu até dou uma olhada na TV, fico impressionado com o trabalho que dá um desfile. Mas aquilo tudo parece distante prá mim.

"Blog em construção": não li o que saiu na Época, mas deixei claro que respeitava muito o trabalho das pessoas simples que se dedicam ao carnaval.

Silvia: agora mesmo vendo pela TV uma das apresentadoras comentava o desfile em São Paulo com as seguintes avaliações: "Nossa, isso é lindo!" "Puxa, que linda essa fantasia". "É lindo isso, gente!" e assim por diante.
Anônimo disse…
Dagomir, tenha certeza de que são vários cariocas que pensam como nós. Porém, a "oposição" a essa opinião é bastante radical rsrs. Tenho muitos amigos que defendem ferrenhamente os desfiles, inclusive meu namorado é fanático por sambas enredo, sabe todos de cor desde 1900 e poucos! Sempre tento deixar claro quando dou minha opinião de que os desfiles são um trabalho de arte magnífico, visualmente lindos, que empregam muita gente, e que há sambas clássicos que conseguem arrepiar até os menos flexíveis. Vejo os desfiles na TV quase todo ano. Mas de um tempo para cá venho refletindo, e é o que tento mostrar quando entro em alguma discussão, que essa festa bonita tem por trás coisas muito sórdidas; que a maioria das pessoas que trabalham o ano inteiro nos barracões não têm dinheiro para comprar um ingresso para a Sapucaí e têm, como única alternativa, se aboletar nos viadutos da Presidente Vargas. Até para desfilar, o preço das fantasias é absurdo... enfim, é festa pra turista, pra dar ibope na televisão e para reforçar a idéia de que brasileira adora tirar a roupa em qualquer ocasião. A festa, em suma, é uma indústria, que como quase todas as indústrias bem-sucedidas e muito lucrativas que há nesse país, privilegiam quem as financia e renegam os princípios e tradições de um povo ingênuo que dá o sangue para mantê-la funcionando. E meu namorado, por incrível que pareça, concorda comigo. Parabéns novamente pela sua coluna.
Anônimo disse…
Olá Dagomir, estou de volta no seu blog. Ainda mais agora que você está mesmo respondendo os comentários.

Abraços
Anônimo disse…
Li atrasada sua coluna da Época, mas me senti mais aliviada ao perceber que não sou só eu que não sinto mais alegria com o Carnaval. E me senti melhor ainda lendo os comentários no seu blog sobre o artigo. Enquanto festa folclórica, que se manifesta em pequenos nichos para que sejam mantidas tradições de um determinado grupo, acho o carnaval maravilhoso. Mas da forma como está, comercializado e prostituído (em todos os sentidos que essa palavra sugere), infelizmente não dá mais. Na manhã do domingo de Carnaval encontrei alguns alunos adolescentes que me disseram que as noites de Carnaval que freqüentaram "estavam muito chatas, pois as bandas tocavam muitas marchinhas de carnaval" (sic)... Imagino que eles esperavam ouvir qualquer outra coisa e dançar qualquer outra coreografia, menos marchinhas... E depois se reclama da falta de cultura, do baixo nível de educação, do turismo sexual, do fato de o Brasil não ser um país sério... Acho que Carnaval, Carnaval mesmo, é coisa do passado. Essa festa que acabou de terminar poderia, pelo menos a partir do próximo ano, ter qualquer outro nome. Carnaval, não...
Dagomir Marquezi disse…
Anônimo: bem vindo de volta. Resta saber quem é você...

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