Paulo Sergio Rodrigues

Em 1968 eu estudava num colégio de São Paulo (o Vocacional) . Era uma escola altamente politizada e a gente passava mais tempo em assembléias e passeatas do que na sala de aula. Eu era da turma dos "maoístas". 

Nesse ano conheci o Paulo Sergio Rodrigues.  Veio de Rio Claro para a capital e me mostrou um mundo muito maior: o do existencialismo, do budismo, dos rituais pagãos, do anarquismo artístico. Nossas conversas não tinham fim. Com sua voz grave e sotaque caipira assumido ele me ajudou a não virar prisioneiro nem da polícia política nem das patrulhas ideológicas.  Abriu minha mente para novas possibilidades, e esse detalhe faria diferença para o resto da minha vida. 

Paulo Sergio era um libertário. Um historiador. E um pioneiro. Ele foi uma das primeiras pessoas a comprar uma câmera de vídeo. Gravava tudo. Tinha um imenso prazer em estar vivo. Sua imagem mais marcante é a da sua gargalhada escancarada com os olhos azuis brilhando ao sol. Já era ecológico há quarenta anos atrás.

Ele faleceu no dia primeiro de novembro, na mesma Rio Claro onde nasceu e viveu. Acho que é o meu primeiro grande amigo que se vai. Esse mundo vai ficar um pouquinho pior sem o Paulão.  
Eu e o Paulo Sergio 
(com sua inseparável câmera) no 
Horto Florestal de Rio Claro, em 1999.  
A foto é do meu filho, Ícaro.  

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