Europa de Trem 2010 - Capítulo 3
Uma coisa é viajar. Outra é viajar de trem. Especialmente para fanáticos como eu. Na manhã de 19 de fevereiro eu tremia de ansiedade arrastando minha mala pelo gelo de Byparken. Cheguei na estação de Bergen, uma construção imponente toda de pedra. Fui até a bilheteria e "inaugurei" meu EurailPass. (A partir do carimbo, eu teria direito a 15 dias seguidos pelas ferrovias da Europa).
O trem da estatal NSB é lindão e confortável, mas está abaixo do padrão de países mais ao sul. Não passa dos 150 por hora. O serviço de bordo é bem básico. Mas a viagem é tão bela que foi inteirinha filmada em alta definição e o registro virou sucesso absoluto de download na própria Noruega. Consegui um lugar na janela e posso confirmar: o trajeto entre lagos, montanhas e fiordes deve ser realmente chocante.
Digo "deve ser" porque no inverno quase tudo fica congelado. A neve vai ficando cada vez mais espessa. Quando o trem começou a descarregar passageiros nas estações de esqui pelo caminho, a impressão que eu tive foi a de cruzar a Antártida.
Atravessar de trem um país nórdico é uma esperiência muito especial. (E talvez mais barata do que você imagina). A beleza natural desfila lá fora enquanto você toma um chocolate quente na sua poltrona sem se preocupar com nada. Em fevereiro, a SNB estava implantando um serviço de internet a bordo. Eu tentei, mas não consegui ficar conectado.
Conforme a tarde caía, essa paisagem de sonho branco vai sendo lentamente substituída por subúrbios industriais cinzentos. Para quem sai da placidez de Bergen, a chegada à noite em Oslo intimida. A grande estação está lotada. O escritório de turismo é difícil de achar. Um táxi tem que ser caçado a quarteirões da estação. E faz 18 graus negativos.
Fotos (c) Dagomir Marquezi 2010
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