A inspiradora saga do escritor David Seidler


Eu vejo cinema com olhos de roteirista. E nenhum momento me tocou mais no último Oscar do que aquele em que David Seidler subiu ao palco para receber o premio de Melhor Roteiro Original por O Discurso do Rei. Aos 74, Seidler foi o profissional mais velho a receber o carequinha dourado em toda a história da Academia. 


David Seidler teve uma vida dura. Seus pais morreram em campos de concentração nazista. Uma brutal cena de guerra o deixou completamente gago. Resolveu falar menos e escrever mais. Começou com peças de teatro na Inglaterra. Aos 40 anos escreveu seu primeiro filme americano, o excelente Tucker, um Homem e seu Sonho, dirigido por Francis Ford Coppola em 1988.


Seu projeto mais querido era um roteiro sobre seu grande herói: o rei britânico George VI, que venceu a gagueira com a ajuda de um especialista em fala australiano chamado Lionel Logue. Seidler começou as pesquisas para seu roteiro em 1972. O filho de Logue colaborou integralmente, mas pediu que David pedisse autorização à Rainha-Mãe, a viuva de George VI. A rainha autorizou a biografia - para depois que ela morresse.


George VI


E assim em 1982 David Seidler guardou seu projeto favorito por longos 20 anos. Quando a Rainha-Mãe morreu em 2002, o escritor ia retomar o roteiro quando descobriu que tinha um câncer na garganta. Em 2005 estava curado e voltou ao seu roteiro sobre o rei gago. Muitos anos ainda se passariam antes que o filme chegasse às telas - e David ao seu Oscar depois de 38 anos de trabalho.


Eu li muitas críticas tolas ao Discurso do Rei. Para mim, é cinema da melhor qualidade, escrito a partir de um roteiro de estrutura clássica. E, portanto, imortal. David Seidler é uma grande inspiração aos que amam a arte de escrever para o cinema. Apesar de todas as dificuldades.

Comentários

Anônimo disse…
Dago
Eu vi pouquissimos filme do E KAZAN, nem me lembro quais ou qual. O fato é que preciso ir correndo ver os outros , e principalmente este BABY DOLL, que deve ser bárbaro.
ab
joão antonio
Dagomir Marquezi disse…
É um filme estranho...

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