A falta que o pai faz
Ontem meu pai faria 83 anos e eu passei o dia angustiado como se ele tivesse acabado de morrer. Na verdade, Decio Marquezi se foi num dia de 1990 que me assombra até hoje.
Quando eu nasci ele era um vendedor de louça sanitária, saído da pobreza absoluta para uma classe média apenas confortável. Tinha só o curso primário. Entregou a mim (e também à minha irmã e minha mãe Dirce) seu total sacrifício para que nada nos faltasse. Trabalhava como um louco para pagar as enciclopédias e coleções de fascículos que eu pedia a ele. Nem abria os livros. Seu amor era incondicional.
Meu pai nos ensinou o que não estava nos livros - princípios éticos, espalhar gentilezas e sorrisos pelo mundo, a ausência de qualquer violência física ou verbal, as delícias da música caribenha (especialmente rumbas e cha-cha-chas), o fanatismo por rádios, e a paixão pelo meu time. Quando meu filho nasceu, o que mudou foi o tipo de música caribenha (reggae). De resto eu apenas transferi para o Icaro o pacote da minha educação paterna. E tenho certeza que o pacote vai seguir em frente.
Diva, minha irmã, lembrou muito bem: não tem jeito melhor para lembrar do nosso amado Decio do que chamar Al Jolson para cantar "Mammy":
Comentários
Diva: será que ele ouviu o Al Jolson ao vivo?