Livros: o fim dos intermediários?


Outro dia mandei o original de um livro juvenil para uma grande editora brasileira. Esperei a resposta durante 8 longos meses. Aí pedi uma definição. Eles passaram esse tempo todo para me responder: "não nos interessa". Mandei para outra grande editora. Recado: "vamos ler, mas caso seja aprovado só poderá ser lançado em 2013". 


Estou lendo um livro muito interessante chamado The Shelfless Book, de Bob Mayer e Jen Talty. Eles passam logo no começo uma mensagem simples, direta, e brutalmente verdadeira: "Escritores produzem, leitores consomem. Todo o resto (agentes, avaliadores, publishers, gráficos, vendedores, divulgadores) é intermediário". Dão uma boa notícia: com o livro digital, o escritor pode publicar em casa e vender em escala global sem depender de mais ninguém. (Detalhe: se quiser publicar sem intermediários, o escritor vai ter que assumir toda a cadeia produtiva, da edição à divulgação e vendas).


Funciona? A CNN mostrou outro dia uma reportagem com uma jovem autora dos Estados Unidos especializada nesses livros de vampiros adolescentes. Ela foi rejeitada por nada menos que 16 editoras. Resolveu lançar por conta própria em versão digital. E ganhou (até a data da matéria na CNN) 2,5 milhões de dólares em vendas. 


Agora mesmo estou com um original numa editora "de papel" (Livros de Futebol), chefiada por um editor dinâmico e antenado. Fora isso, não tenho mais ilusões com a industria editorial tradicional. Que, segundo previsões dos especialistas, vai privilegiar cada vez mais quem já é best-seller. Tenho pressa, e sei para onde o futuro aponta.


Comentários

Segui o caminho da autopublicação para o meu livro sobre o Campeonato Brasileiro de 1977. Imprimi quinze exemplares originalmente e vendi-os rápido, cortesia de menções no Loucos por Futebol, da ESPN Brasil, e no Fanáticos por Futebol, da Rádio Bandeirantes. A segunda tiragem, tambpem de quinze exemplares, já está no fim. Estou solicitando a terceira, embora saiba que agora, com menos divulgação, as vendas irão cair e não venderei toda uma tiragem em duas semanas, como foi o caso da segunda (a primeira foi em menos de uma semana).

Incialmente, eu tinha imprimido em uma gráfica nos Estados Unidos. Para a segunda, consegui uma no Brasil com a mesma qualidade e a mesma possibilidade de imprimir poucos exemplares. Também estou vendo para disponibilizá-lo no Kindle e em outros apetrechos.
Emanuel disse…
Dagomir, mas o que você acha das editoras que fazem tiragens em papel e em versão online em quantidade limitada?
Abraços.
Maria Regina Cyrino Corrêa disse…
Dagô, isso sim é uma boa notícia, né?
Dagomir:
O livro virtual (e-book) é uma realidade nos países anglo-saxões...
Nos EUA o virtual já domina mais de 50% do medrcado; na Inglaterra por volta de 35%. Já nos de origem latina (Portugal, França, Itália, Espanha)o livro virtual ainda representa muito pouco do mercado editorial (menos de 10%).
Estes dados li (não me lembro a fonte) numa matéria sobre a feira de livros na Frankfurt-Alemanha/11.
O mercado brasileiro é quase inexistente em relação ao e-book.
No entanto, vc tem toda a razão: o futuro nos trará boas novidades para o mercado editorial. Fora os intermediários!
abr
Maurício
Dagomir Marquezi disse…
Alexandre: você pelo jeito foi num caminho de sucesso entre o livro de papel "normal", de grande tiragem, e o digital. É a publicação on demand, onde se publicam números bem limitados de exemplares, o que não dá prejuízo para ninguém. Muito legal sua experiência!
Dagomir Marquezi disse…
Emanuel: foi o que o Alexandre fez. É uma saída bem mais racional do que a convencional. O que não pode, me parece, é o escritor depender de uma decisão (difícil) de cada editora de decidir quais livros terão milhares de exemplares publicados e quais não merecem essa chance. Nesse caminho, me parece, um dia só teremos Paulo Coelho e o Padre Marcelo nas livrarias.
Dagomir Marquezi disse…
Regina: eu acho excelente. É um absurdo tantas idéias para livros ficarem paradas por causa desse esquema ultrapassado de produção.
Dagomir Marquezi disse…
Mauricio: na verdade no Brasil se produz e se lê pouquíssimos livros mesmo de papel. Mas eu acho que estamos a caminho do momento em que cada um de nós terá um tablet e livros à disposição por preços baratíssimos. Eu não compro livro de papel há muito tempo! E pago por um livro digital (em inglês, por enquanto) preços que são até um décimo do que eu pagaria por uma edição importada de papel na livraria. Eu não gostaria que os "intermediários" perdessem seus empregos, mas o mercado do livro também precisa se adaptar às vantagens da digitalização.
TPM Constante disse…
Também não gostaria que os intermediários perdessem seu empregos, afinal o livro de papel é tão gostoso e não pago por eles, loco gratuitamente na biblioteca da faculdade.
(Gabriela Raupp)
Dagomir Marquezi disse…
Gabriela: eu não quero que ninguém perca emprego, mas não tem cabimento que esses "intermediários" trabalhem e o escritor não consiga publicar seu livro! E não se preocupe, os livros de papel continuarão chegando na sua faculdade... Obrigado por aparecer por aqui.
TPM Constante disse…
Um prazer, estou sempre por aqui... :))

http://tpmconstanteblog.blogspot.com.br/

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