Nos tempos do Novo Mundo

Foto: Dagomir Marquezi

Durante os anos de 1988 a 1992 eu trabalhei na rede Manchete no Rio de Janeiro. Escrevia programas para a Angélica (Milk Shake, Clube da Criança) e desenvolvia outros projetos como a adaptação de O Diário de um Mago (de Paulo Coelho) para minissérie e a criação de uma novela.

Em todo esse período eu morei em São Paulo mas viajava toda semana pela Ponte Aérea para passar 4 ou 5 dias no Rio. E me hospedava no Novo Mundo, um dos mais tradicionais hotéis cariocas. Eu instalava meu computador num dos quartos de frente e trabalhava muitas vezes até o dia amanhecer. E tinha o privilégio de assistir um nascer do sol como esse da foto acima.

O Novo Mundo  em 1950

O lugar onde fica o Novo Mundo não tem o menor prestígio hoje em dia - na praia do Flamengo, frequentada por gente muito mais  real que a elite do eixo Leblon/Ipanema/Barra. O hotel fica numa região muito interessante e estratégica do Rio: pertinho do Santos Dumont, ao lado do que já foi o luxuoso Hotel Glória. Ao lado fica o belo Parque do Catete, com o Palácio de onde o Brasil já foi governado - hoje um museu. Atrás, o simpático e acolhedor bairro do Catete.


Toda vez que vou ao Rio, faço questão de visitar essa região, onde me sinto em casa. Por muitos anos eu frequentei diariamente a rua do Catete, almocei no Largo do Machado e dei caminhadas na praia do Flamengo. Nunca testemunhei uma única cena de violência. Seu Paulo, o saudoso gerente do hotel na época, era um grande amigo, e cuidava muito bem do frequente hóspede paulistano. Meus passeios entre as palmeiras imperiais do Parque do Catete eram momentos de profunda paz no momento difícil em que perdi meu pai.

Foi uma pena que a Manchete tenha desabado. Mas as lembranças dos tempos do Novo Mundo ficarão firmes sempre em pé - como o próprio hotel.

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