"Lucky Man": Greg Lake from the begining


Acabei de ler. Foi sem qualquer expectativa. Sou fã de uma parte da carreira de Greg Lake, especialmente os cinco primeiros discos do "supergrupo" Emerson, Lake & Palmer. 

O livro é muito bem escrito, sincero, humilde e reflexivo. Lake fala de sua infância pobre no sul da Inglaterra, e de seus pais que o apoiavam em tudo. Aos 12 anos ganhou um violão de Natal. Assim que aprendeu os primeiros quatro acordes, compôs uma canção simples que chamou de "Lucky Man". Na adolescência participou de algumas bandas e foi convidado pelo seu amigo Robert Fripp para ser o baixista e vocalista do Kink Crimson. 

Greg conheceu o gosto do estrelato, mas o melhor estava por vir: uniu-se ao tecladista Keith Emerson e ao baterista Carl Palmer e formaram o ELP em 1970. Eles misturavam música pop com jazz e muita música clássica mas começaram a escalada do sucesso principalmente por terem incluído - quase sem querer - a mesma "Lucky Man" no primeiro álbum. Atingiram o ápice com o disco Brain Salad Surgery (1973). Seus shows eram eventos quase circenses, sempre lotados por fanáticos ao redor do mundo. Mas Lake não tem vergonha em concordar que a partir daí eles foram ladeira abaixo.


Fui a um show deles em São Paulo, janeiro de 1993. Jã não estavam no auge da forma, claro, mas "entregavam" um show rico, musicalmente impecável, que preservava alguns dos truques de cena dos melhores tempos. O livro mostra uma vida de superstars sem orgias, drogas pesadas, bebuns homéricos ou fofocas sexuais. Lake fala basicamente de música e da sua evolução como ser humano. E me deixou contente em saber que ele também considerava o álbum Trilogy como o mais belo disco da banda.


Com a virada do milênio, vem a notícia que Keith Emerson estava com uma doença neurológica que paralisava progressivamente seu braço direito. O capítulo em que Lake tenta explicar as razões para o suicídio do parceiro em março de 2016 são profundamente tocantes. (Ele não tinha a mesma intimidade com o baterista Palmer). E em seguida o próprio Greg Lake avisa, nas páginas finais, que está com um câncer incurável. O livro termina com seu epitáfio sendo lido por um de seus melhores amigos durante o enterro, apenas nove meses depois. 

Lake se foi. Esse livro ficou. Assim como o registro de sua voz privilegiada cantando a mesma canção que ele compôs ainda menino e que lhe abriu as portas para a honra e a glória.

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