Livros: o tamanho da revolução
Escrevi um livro dirigido para o público juvenil e mandei o original para ser avaliado por uma grande editora. Esperei cinco longos meses por uma resposta e tudo o que eles tinham a me dizer foi: "Não nos interessa". Meu amigo Ricardo Soares escreveu um livro para o mesmo público, que vendeu o equivalente a 100 mil exemplares. Na semana passada ele recebeu o pagamento por essa mega-venda: um cheque de pouco mais de 3 mil reais.
Quando eu digo que o livro de papel enfrenta sua agonia, não quero bancar o moderninho. Nem é uma questão apenas tecnológica. É o modelo de negócio do livro tradicional que não tem mais sentido, pelo menos para quem escreve. Entre o escritor e o leitor existe um oceano de dificuldades, na maior parte causada pelo próprio papel: a fabricação, o transporte, a distribuição, o lançamento, o controle de vendas, tudo é difícil e caro. O que aumenta os preços, num país onde ler já é uma atitude exótica. Nessa conjuntura, as editoras não se arriscam. Sem editora, não se publica. É um ciclo vicioso.
O que muda com o livro digital? 1) o pagamento do autor pula de 6 a 10 por cento para de 30 até 70 por cento. 2) fica muito mais barato que a edição de papel, multiplicando as vendas. 3) as dezenas de pessoas que vão a um lançamento são substituídas por milhares de amigos e contatos virtuais no Facebook, Google+, Twitter, etc. 4) para a compra, a viagem incerta até o shopping é substituída por alguns cliques em casa ou qualquer lugar com wi-fi. 5) Com a facilidade de se editar um livro digital sozinho em casa, editoras se tornam opcionais, não mais o caminho obrigatório
É uma revolução, e eu não tenho medo dela.
Comentários
Não tenho a MENOR dúvida de que você tem razão completa e absoluta no que escreveu. O modelo editorial brasileiro está falido, só as distribuidoras e livrarias lucram no processo. Em alguns casos, nos quais me incluo, nem a editora. Os atores do processo demoraram a perceber que as coisas mudaram. Não vão mudar, já mudaram. A resistência é enorme, mas precisamos dar um jeito nisso.
Só um exemplo: mandar um livro formato 14x21cm, com umas 250 páginas, peso de 350 gramas e que tem preço de capa de R$35, do Rio de Janeiro (RJ) para Manaus (AM), custa R$19 e o livro demora DEZENOVE dias para chegar lá.
Então, perceba: entregar um (para o cliente final) ou uma caixa com 200 livros (para uma livraria) é a mesma dificuldade. É caro e demorado.
Como isso pode dar certo?!
Abraço
Dagomir