Morto Vivo: Lara

Acabei de mandar para a redação de Placar minha nova coluna Mortos Vivos. O personagem de setembro é uma figura impressionante, sobre o qual eu nunca saberia a existência se não fosse pelo editor Maurício Ribeiro de Barros.

O homenageado do mês é o goleiro Lara, do Grêmio. Ele viveu e - literalmente - morreu pelo seu clube, aos 37 anos. Esse perfil vai sair na Placar de setembro.

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Essa promete! Agora que, neste tempo todo de Mortos Vivos, os mais famosos já foram se esgotando, começamos a ver personagens interessantes que não costumam ser lembrados.

Não sei se é exatamente o perfil da coluna, mas é uma história interessante que eu gosto de contar: eu conheci um ex-goleiro, o Dudízio. Ele jogou no Jabaquara no início dos anos 60, depois de passar pela Francana e pelo Radium de Mococa. Ele era de Santa Cruz das Palmeiras, onde, pouco menos de 20 anos depois de se aposentar, fundou o semanário da cidade, A Tribuna, e foi vereador por alguns mandatos. Ele faleceu em 2004. Era um sujeito extremamente culto, adorava quadrinhos e filmes antigos. Até a sua morte, assinou sua coluna em seu jornal com uma máquina de escrever. Dudízio não era seu nome; ele se chamava Luiz Affonso Mendes. Descendente de italianos, o apelido provavelmente tinha a ver com "Giggio", mas nem ele sabia direito por que o chamavam assim. O fato é que Dudízio passou a ser praticamente o seu nome.

Mas falando do Dudízio jogador de futebol: ele me mostrou diversos recortes da época. O mais impressionante: ele foi provavelmente o único goleiro a defender um pênalti cobrado pelo Pepe. Também chamava a atenção o fato de que, mesmo nas piores derrotas que seu time sofria, ele era muitas vezes eleito o melhor em campo. Havia aquelas seções de notas, como nos jornais de hoje, e era quase um texto padrão: "Não fosse por Dudízio, a goleada teria sido muito maior." Ele foi até eleito um dos melhores do campeonato, mesmo com o Jabuca na rabeira. Eu escaneei boa parte de seus recortes. Ele contava que chegou a ter uma proposta para jogar no grande Santos de Pelé, para ser o reserva do Gylmar. Estava quase tudo fechado, porque o então reserva não iria renovar contrato. Na última hora, esse reserva acabou por renovar. Desgostoso com o futebol, ele se aposentou não muito depois, ainda antes dos 30 anos. Uma pena que eu o tenha conhecido apenas em 2000, porque ele gostava de contar histórias de seus tempos de jogador. É que eu não consegui ir a Santa Cruz das Palmeiras muitas vezes...

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