O Brasil fica um pouco mais triste
Conheci o grande José Vasconcelos no lançamento de um dos seus discos de piadas aqui em São Paulo. Eu e meu filho Icaro tivemos alguns preciosos minutos com esse homem que me fez rir a vida inteira. Lembramos seus grande momentos. Lembramos até de seu grande fracasso, a tentativa de criar uma espécie de Disneylandia no Brasil com o bizarro nome de Vasconcellândia.
Zé Vasconcellos tinha um estilo único. Suas piadas eram longas narrativas nas quais o final não importava tanto. Um caso clássico era a do italiano que nunca tinha assistido uma partida de futebol e descrevia o jogo sem entender nada. ("Porque eles brigam tanto por uma bola? Dá uma bola prá cada um!"). Para ele, a vida era um grande espetáculo. No tempo em que isso era possível, quando ele viajava de avião se instalava na cabine do piloto e passava a viagem contando piadas para os passageiros.
José Vasconcelos era culto e poliglota. Encarnava tipos populares, mas tinha a sofisticação necessária para atingir todos os públicos. Nem precisava falar. Sua cara de olhos esbugalhados já fazia todo mundo rir. Que Deus ilumine seus passos. Um triste sinal dos tempos é que a notícia da sua morte tem menos destaque do que a última baixaria daquele rapaz do CQC.
Aqui embaixo, o disco Eu Sou o Espetáculo, o pioneiro do stand up comedy, que vendeu mais de 100 mil cópias (agradecimentos a Yves Ribeiro):
Aqui vai - na íntegra - o documentário Ele é o Espetáculo, de Jean Carlo Szepilovski e Ricardo José Haynal:
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abs