Cem anos de orgulho alviverde, nos bons e maus momentos
Eu tinha 5 anos de idade em 1958 quando essa foto acima foi tirada. Já exibia orgulhoso o P no peito. Graças ao meu pai, Decio, eu nasci palmeirense. Quando virei um jovem metido a besta, levei uma lição. A gente morava num apartamento do bairro de Perdizes com vista parcial para o Parque Antártica. A cada jogo, o Decio ia para a janela e assistia de binóculos, acompanhando a transmissão no radio.
Um dia, lá pelos anos 1980, o Palmeiras vivia uma das muitas crises de sua história. Cheio de arrogância, eu perguntei ao meu pai: "Você ainda acompanha jogo desse timinho?". Seu Decio me olhou com decepção nos olhos castanhos e disse: "Eu sou palmeirense. Nos piores e nos melhores momentos. E torço sempre".
É a lição que eu trago até hoje, quando o time do meu coração completa seu primeiro século de história. E tive a benção de ver esse amor se perpetuar com meu filho, Icaro. Nessa foto abaixo, tirada 30 anos depois, meu pai (de lenço na cabeça) olha cheio de orgulho para o neto enquanto tremem as arquibancadas do Parque Antártica. Essa tarde de sol no Parque serviu como um ritual de passagem. Foi a única oportunidade de reunir 3 gerações de palmeirenses no solo sagrado do Jardim Suspenso. Logo depois meu pai morreria.
Hoje, quando o Palmeiras vive outro momento ruim, se ergue a lição de integridade do seu Decio. Que meu filho também aprendeu e que um dia vai passar ao filho dele, no segundo século de vida do eterno Palestra.
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