Se meu apartamento falasse


Depois de décadas de espera finalmente consegui assistir no teatro a peça musical Promises, Promises. A versão brasileira valeu a pena. Essa história começou em 1960 com a obra prima do cinema The Apartment (Se meu Apartamento Falasse, no Brasil) dirigida pelo gênio Billy Wilder, com Jack Lemmon, Shirley MacLaine e Freddy MacMurray nos papéis principais. Quem ainda não assistiu - assista. O filme trata do mundo corporativo e como o funcionário de uma grande empresa (Chuck Baxter) de New York sobe na carreira emprestando seu apartamento para que os executivos levem suas secretárias/amantes.


Jack Lemmon e Shirley MacLaine
Em 1964 o roteiro (de Billy Wilder e I A L Diamond) foi adaptado para teatro musical por alguns gigantes: texto de Neil Simon, músicas de Burt Bacharach, letras de Hal David. Quem assistiu, provavelmente não se esqueceu.

Chegamos então a 2005 e uma nova montagem foi realizada na Broadway, dessa vez com Sean Hayes (o Jack da série Will & Grace) no papel principal. Por sorte alguém gravou a apresentação inteira e ela está disponível no YouTube. A primeira parte pode ser encontrada neste link

A versão brasileira segue basicamente a linha dessa remontagem, mas um pouco encurtada. As traduções das canções de Bacharach & David ficaram algumas muito boas, outras nem tanto. O ator Marcelo Medici no papel de Chuck se saiu muito bem, apesar da voz curta. No papel de Fran, Malu Rodrigues cantou muito bem. O título do filme foi mantido já que ainda tem quem se lembre do filme de Billy Wilder.

Promises Promises (assim como o filme que o inspirou) é uma história de redenção pessoal. Chuck quer ter orgulho de si mesmo, e para isso tem Fran como e motivação. O pano de fundo é uma grande empresa de seguros e o chefe de pessoal Sheldrake (Marcos Pasquim) atua como contraponto.

A peça tem uma temática atual. As secretárias da empresa são tratadas pelos executivos quase como prostitutas. Essa realidade ficou clara na série Mad Men, que retrata a mesma fase histórica - o início dos anos 1960. Era absolutamente comum que os altos funcionários de corporações tivessem casos com secretárias. Isso fazia parte do código de ética da época. A expressão "assédio" estava longe de ser utilizada nesses casos.

Mas Promises, Promises vai muito além dessa questão e trata de valores universais e atemporais. E é por isso que volta e meia volta ao cartaz. E conta com a música de Burt Bacharach. Aqui vai a reconstituição de uma das cenas mais tocantes do filme quando Fran e Chuck, atraídos um pelo outro, juram que nunca mais vão se apaixonar por ninguém:


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