O amanhã ninguém sabe


Este mês na Info eu detonei a indústria fonográfica, e quase jurei que não ia mais comprar um único CD pelo resto da minha vida. Mas quem resiste a uma nova versão do Revolver? Eu me lembro da primeira vez que ouvi esse disco com 13 para 14 anos de idade. Meu primo Ricardo Moreira me chamou para escutar o novo LP dos Beatles. Ligou, colocou a agulha e saiu aquele som distorcido que inicia Taxman, com a voz soturna contando o "one, two, no!". O Ricardo desligou na hora: "Veio com defeito!". Sons desse tipo não costumavam ser gravados em disco em 1966. Mas tentamos mais uma vez, e não paramos mais de ouvir por dias seguidos.

Comprei o vinil, depois o CD. Agora aparece essa versão "remasterizada". Acabei de ouvir. Ela só confirma o que eu escrevi na Info: a industria da música vai mal. Por trinta e tantos reais, você leva o novo CD. O som está realmente muito bom, e mesmo um conhecedor mais profundo desse disco percebe várias nuances que não apareciam antes. Mas é um CD estéreo e não passa disso. Inclui algumas fotos inéditas, um texto medíocre sobre a gravação, e nenhuma informação técnica sobre a remasterização. E tem um documentarinho de 5 minutos com fotos da gravação e bons depoimentos em áudio.

Nos empurraram mais do mesmo, um um pouquinho melhor. Eu vou pacientemente esperar pelo momentos em que eles decidam realmente dar um passo à frente: lançar esse mesmo disco em alta definição e seis canais de som (em DVD-Audio ou SACD). Do resto da coleção não passo nem perto. Como da primeira vez, eu ouvi os primeiros segundos desta "nova" versão e cheguei à mesma conclusão que meu primo Ricardo teve há 43 anos atrás: veio com defeito.

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