Argo e a arte da adaptação
Acabei de ler o livro que deu origem ao filme Argo, ganhador de todos os principais prêmios do cinema americano em 2012. Eu venero a arte da adaptação de livros para cinema e TV (e já tive a oportunidade de escrever algumas). O livro escrito por Antonio Mendez (chefe da operação de resgate no Irã mostrada no filme) mostra uma realidade inversa ao que foi explorada no cinema.
O filme (com adaptação de Chris Terrio) vai rapidamente para a ação em Teerã e constrói seu suspense num tenso passeio do grupo pelo mercado público e especialmente no acidentado embarque no avião rumo à Suiça. O livro narra o contrário: a ida de Mendez para a capital iraniana foi bem mais complicada do que assistimos no cinema. Em compensação, a fuga final (real) no aeroporto foi de certa forma uma moleza. Mas não funcionaria como filme. Então o roteirista inventou aquele interrogatório e a perseguição do avião na pista de decolagem. Além disso, claro, o discretíssimo (e eficiente) Antonio Mendez nunca foi um bonitão de barriga tanquinho como o diretor/protagonista Ben Affleck.
Temos um caso curioso: um filme falso sobre uma operação real usando um filme falso.
Antonio Mendez
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