Memórias DM 1968: o telex da repartição


Eu tinha 15 anos e trabalhava na Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo. Passava minhas tardes no grande prédio do Centro. Todos os dias recebia o boletim da Secretaria que tinha que passar para a imprensa. Entrava numa cabine telefônica dentro da sala e discava número por número de cada órgão de imprensa. Pedia para o jornalista anotar e ditava o noticiário. Depois desligava, ligava para outra redação e repetia o processo. Assim era a tecnologia em 1968.

Um dia descobri que havia na repartição um aparelho de telex, o tataravô do email. Bastaria gravar uma fita com o boletim e mandar pela linha telefônica. Aquilo ia facilitar muito minha vida. Meu chefe, uma excelente pessoa, me chamou então para uma conversa discreta. 

Ele me explicou com jeitinho que eu deveria parar com essa mania de ser mais eficiente. O funcionalismo público, disse ele, não gosta de modernidades que agilizem o processo. O ritmo lá era outro. Eu deveria dar adeus ao telex e voltar ao ditado na cabine apertada.

Comentários

Gostei da história, mas, principalmente, da foto. Estou tentando imaginar qual seria o prédio onde ela foi tirada. Assumo que o edifício ao fundo seja o do Banespa.

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