1999 e 2018: as lições que o Felipão deixa
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Fotos: Icaro Limaverde |
Nessa época eu morava na rua Caiowaa, em São Paulo, pertinho do antigo Parque Antártica. E trabalhava na revista VIP. Que tinha uma sessão tipo "a personalidade do mês". Todo mundo na redação (sob a direção de Marco Antonio de Rezende) sugeria nomes para cada edição. Naquele mês de junho de 1999 não tive dúvidas: sugeri o Felipão.
E tinha duas boas razões para insistir, além da minha condição de torcedor. Em primeiro lugar Eveline, a mãe do meu filho, dava aula de natação para os filhos dele. Um contato era bem fácil. Em segundo lugar eu morava em frente ao Scolari. Eu já tinha visto o Felipão pela vizinhança, mas nunca tinha tido coragem de pedir um autógrafo.
Pedi a entrevista. Ele topou. No dia 9 de junho, atravessei a rua com meu filho Ícaro aos 14 anos, duas gerações de palmeirenses exibindo sorrisos de fãs descarados. Ele nos atendeu no saguão do seu condomínio. A entrevista, como não podia deixar de ser, foi um baba-ovo daqueles. Mas ninguém reclamou. O "jeito Felipão" desarmava qualquer crítico. Tudo bem que a entrevista virou uma homenagem. Ele merecia.
Terminada a entrevista, ele tirou fotos comigo e com o Ícaro. Desejamos muita sorte ao nosso time, atravessamos a rua e voltamos para casa. A entrevista saiu na edição de julho de 1999, onde eu escrevi também a matéria de capa com a Tiazinha.
19 anos depois, mais festa. Felipão voltou, agora ao Allianz Parque e fez uma campanha espetacular durante 2018. Chegou na reta final de todos os campeonatos disputados e ganhou o Brasileiro batendo recordes. Seu brilhante retorno deixa pelo menos duas lições: 1) não importa que idade você tenha (e Felipão tem 70), jamais aceite que te tratem como "decadente", se você não estiver decadente. 2) nunca deixe que uma derrota na sua vida acabe com sua carreira. Mesmo que a derrota seja por 7 a 1.
Terminada a entrevista, ele tirou fotos comigo e com o Ícaro. Desejamos muita sorte ao nosso time, atravessamos a rua e voltamos para casa. A entrevista saiu na edição de julho de 1999, onde eu escrevi também a matéria de capa com a Tiazinha.
19 anos depois, mais festa. Felipão voltou, agora ao Allianz Parque e fez uma campanha espetacular durante 2018. Chegou na reta final de todos os campeonatos disputados e ganhou o Brasileiro batendo recordes. Seu brilhante retorno deixa pelo menos duas lições: 1) não importa que idade você tenha (e Felipão tem 70), jamais aceite que te tratem como "decadente", se você não estiver decadente. 2) nunca deixe que uma derrota na sua vida acabe com sua carreira. Mesmo que a derrota seja por 7 a 1.
Comentários
Honestamente não consigo vislumbrar nenhuma lição deixada por Felipão. O título do esvaziadíssimo campeonato de futebol brasileiro ,aliás um esportezinho bem chato,mas isso já é gosto pessoal; particularmente prefiro outros como o golfe o rugby e o turfe, pode ter, com justa razão deixado feliz a torcida palmeirense.
Todavia, não apaga, jamais apagará a maior vergonha do esporte brasileiro. Os 7 a 1 não foram impostos pela Alemanha, foram fruto de um time ridiculamente convocado, pessimamente treinado e dotado de um descontrole emocional que seria indigno para crianças dedicadas ao vetusto escotismo.
Na época Felipão mostrou-se arrogante, prepotente, agressivo com a imprensa, incapaz de assumir erros, entre outros graves pecados. Sua personalidade rústica, sua formação de iletrado e sua brutalidade no trato desportivo sempre foram uma marca. E, por incrível que pareça angariaram para ele a simpatia de boa parte do povo brasileiro; quem sabe uma explicação para o atávico pedestrianismo brasileiro... Certa vez, dentre muitos atos "pouco cavalheirescos" foi flagrado mandando seus atletas escarrarem
na cara dos oponentes. Triste.
O próprio comportamento dos atletas palestrinos após o título, com provocações baratas, palavrões e ofensas dirigidas a outras agremiações e a colegas de trabalho seja um bom espelho do efeito Scolari.
Por essas e por outras, de tantos outros, afinal seria injusto imputar apenas a Luís Felipe tantas mazelas; não nos esqueçamos dos Dungas...Perdi o gosto, prefiro gastar meu tempo com esportes de cavalheiros, de pessoas que respeitam a si e aos outros. No entanto, o fenômeno Felipão talvez explique um país que já tarde se livra da canalha petista para casar-se com um totalitarista arrogante, preconceituoso e medíocre.
De qualquer forma, a alegria, diria até euforia clubística é sempre justificável, minha mensagem não contém, nem poderia, nenhum tipo se reprovação ao autor do texto. São apenas visões diferentes.
Parabéns pelo título. A Academia merece, quanto a Felipão, tenho minhas dúvidas.
Um cordial abraço,
Frederico P. Campean