Misericordioso


Na manhã de 11 de setembro de 2001, avisado pela minha irmã Diva, eu liguei a TV a tempo de ver o segundo avião atingindo o World Trade Center. Fiquei grudado na tela até a queda das torres. Saí triste de casa. Mas o pior estava por vir. Na redação da revista onde trabalhava na época encontrei um clima de quase euforia por causa da "vitória contra o imperialismo".

Um mês depois a revista SuperInteressante me encomendou uma matéria com o título "E se o Brasil fosse conquistado pelos fundamentalistas islâmicos?" Escrevi então um pequeno texto satírico imaginando os brasileiros recebendo seus novos senhores de turbante com festa e logo entrando na chibata de um regime no estilo Taliban.

Eu me lembrei de tudo isso por causa de um blog chamado A Nova Cruzada. O blog me pareceu muito razoável e equilibrado em suas posições.

Num post de domingo passado, dia 2 de agosto, o blog se refere ao meu artigo da SuperInteressante e me acusa (entre outras coisas) de ser "anti-ético". Chega a propor aos seus leitores um boicote à revista.

Qual o sentido de reagir agora a um artigo escrito há quase oito atrás, quando todo mundo estava de cabeça quente? O mais irônico é que o que o blog defende é exatamente o que eu penso: fanáticos como Bin Laden não representam nem um por cento do mundo muçulmano. A religião maometana não pode ser confundida com a ação de degenerados como os que provocaram a tragédia de 11 de setembro. Assim como eu espero que os verdadeiros muçulmanos, misericordiosos e clementes, não pensem que todos os ocidentais comemoram matanças de civis.

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