Helio do Soveral, morto e esquecido

Ilustração: Benício

Cada escritor tem seu herói. O meu é Helio do Soveral. Ele nasceu em Portugal em 1918 mas logo se tornou um cidadão emérito de Copacabana. Nunca foi reconhecido pelo que era: um gênio das letras. Escreveu roteiros de cinema, radionovelas, inventou a literatura policial brasileira, escreveu romances populares e reinventou-se como autor de livros juvenis. Conheci Soveral como autor da sensacional série de espionagem KO Durban. Em 1998 tive a chance de fazer uma matéria "definitiva" sobre meu herói para a revista VIP. Bem no meu estilo, misturei realidade com ficção e ainda tive o luxo de contar com o grande ilustrador Benício, o mesmo que pintava as capas de KO Durban. A matéria ganhou o Premio Abril de melhor perfil do ano.


Depois da matéria, Soveral continuou sendo solenemente ignorado pela cultura brasileira. Era um escritor pop, com uma obsessão erudita: publicar a tradução da obra poética completa de Edgar Allan Poe. Passando muitas dificuldades, mudou-se para a casa da filha em Brasilia. Recebeu a notícia que seu livro com os poemas de Poe seria  publicado. No dia 21 de março de 2001, muito feliz, assinou o contrato com a editora. No caminho de volta para casa, ainda eufórico com a realização de seu sonho, foi atropelado e morto por um motoqueiro. E continuou esquecido.

Para ler a matéria completa da VIP, clique aqui.

Comentários

"Como uma usina de textos, escreveu novelas para televisão, roteiros para quadrinhos, adaptações de fotonovelas italianas, livros infanto-juvenis, novelas policiais, programas de mistério, faroestes, romances regionais."

Ou seja, se ele tivesse nascido três décadas e pouco depois, hoje ele teria blogs sobre vários assuntos diferentes e uma coluna na Info! ;)
Dagomir Marquezi disse…
Valeu o dia, Alexandre!
Tita Dreux disse…
Dagô, você merece todos os prêmios por fazer justiça a tantos talentos. Acompanhei semanalmente o "Teatro de Mistério" escrito por Hélio do Soveral, sorvido pela molecada de Copacabana ainda na era do rádio. Não sabia que ele era português de nascimento, mas morrer atropelado por uma moto em Brasília, é inglório! Alvitante! Salve o Soveral pessoal!
Maraysa Figueiredo disse…
Dagomir, sou neta de Hélio do Soveral e fico muito feliz e emocionada quando leio declarações como a sua sobre ele. Obrigada pela lembrança!
Dagomir Marquezi disse…
Chico: obrigado pelo seu apoio. Como é bom saber que um amigo como você ouvia o Teatro de Mistério e tem idéia do que eu estou falando. O processo de apagamento de memória parece cada vez mais rápido no Brasil.
Dagomir Marquezi disse…
Maraysa: seu avô era um gênio! Nada menos do que isso. Enquanto eu viver vou lutar pelo seu reconhecimento.
Dagomir Marquezi disse…
Maraysa: seu avô era um gênio! Nada menos do que isso. Enquanto eu viver vou lutar pelo seu reconhecimento.
Frederico disse…
Meu nome é Frederico Campean, nasci em 1971, tenho hoje, portanto, 40 anos. Ouvia o Teatro de Mistério na Rádio Nacional, quando era transmitido, salvo engano, as segundas-feiras. Ia ao ar as 22 horas, depois da Turma da Impecável Maré Mansa.

Essa obra está entre as melhores lembranças de minha infância e muito ajudou a constituir meu amor pelo Radio. Fiquei muito emocionado quando recentemente descobri este blog. Parabéns Dagomir, você não sabe a alegria que me proporcionou. Sou carioca e moro hoje na cidade de Maria da Fé, no sul de Minas.

Muito obrigado!
FGustavSchmid disse…
Conheci a obra do Helio graças à minha mãe, que me deixava ouvir o Inspetor Santos e o Minoro todo sábado de manhã. Eu tinha uns 7, 8 anos. Hoje, aos 45, estou ouvindo toda a obra novamente. É o meu companheiro dos momentos de descanso. Soveral jamais será esquecido!
ANTONIO disse…
LI A REVOLUÇÃO DOS LEUCÓCITOS MAS NÃO SABIA DA VERDADEIRA IMPORTÂNCIA DESSE ESCRITOR. VALEU POR ME TIRAR DA IGNORÂNCIA, TÃO EM MODA NESSES DIAS DE INTERNET DESENFREADA.
VOU ME APROFUNDAR MAIS PARA CONHECÊ-LO MELHOR.
PARABÉNS!
Athos disse…
Estou pesquisando o Hélio. Conheci o escritor no seu apto em Copa. Ainda bem que tem gente(boa)lembrando dele.
Unknown disse…
Que matéria maravilhisa. Ouvia sempre o Teatro de Mistério com o Inspetor Santos e seu inseparável Minoro. As vezes viajo ouvindo suas aventuras no rádio do carro, pois gravei um pendrive exclusivamente pra isso.
Hélio era genial. Eu desconhecia que ele era o autor do KO Durban. Que bom que agora sei disso.
Obrigado pela matéria e por não deixar que ele fique ainda mais esquecido.
Grande abraço

José Manoel Alvarez
anjo azul disse…
Olá amigo Dagomir, e amigos fãs de K.O. DURBAN! Por favor galera, onde eu consigo os exemplares de "Traição no Vietnam" volumes 1 e 2 ? Se alguém souber, ou ainda onde eu acho o download, agradeço muito, pois as traças comeram meus 2 primeiros livros acreditam? Pois é... Forte abraço a todos! Nei Arruda.
neidbz@yahoo.com.br

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